agosto 09, 2010

Todos os barulhos me gritam


quando pertenço a um silêncio de tardes vazias:


algo feito de medo.

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Pois temo pelo que acontece


enquanto não sei de ninguém


- o que não se faz raro, nesse dia cinza


porque a cada pedaço dos meus outros que caem


são destroços o que resta de mim.

abril 21, 2010

Queria pintar estrelas no teto
pra deitar ao teu lado, no chão gelado
e pensar que é grama e terra
e o universo inteiro a nos cobrir
e imaginar estrelas cadentes
pra fazer pedidos de te ter
pra sempre assim
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(meu rosto encaixado no teu peito
e todo o amor do mundo em mim...)
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Hoje lembrei do desespero de quando sonhei
que você tinha morrido
e de como chorei ao acordar,
sem conseguir falar palavras ao telefone,
com sua voz de sono e preocupação.

A dor foi tão imensa que parece ter manchado meus olhos

.

Ouço Smiths e me arrependo por qualquer decisão que tenha pensado
ou cogitado tomar
Morrer não me parece uma solução,
sequer uma idéia,
mas o choro preso em minha garganta
quase se emociona,
com tanto romantismo assim.
Pareço fria como uma adaga
de lâmina cega
- provocar agonia
sem pôr fim.

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Preciso gritar pra tentar me sentir de novo

Mas não há meios de meus pulmões se expressarem;
não há forças...

.
Penso com os olhos pesados
no medo dos meus atos
e no cansaço em existir

.
A rotina quase alcança meus pés de chinelos amarelos
descendo pelo rasgo de asfalto num pedaço de bosque onde ainda se pode respirar
- mas lembro dos meus atrasos e posso sorrir.
Apesar de todo meu sentimento
de mediocridade

Até agora tentam me convencer
de que existe a tal luz que nunca se apaga
(mas até para respirar me dói)
.
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Quando você entrar pela porta
quero crer que já parei de sonhar
e te abraçar como se eu pudesse deixar de existir
porque teus braços me bastariam...

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Não sei de mim metade dos meus longos suspiros
de respirar fundo
pra ter a cabeça no lugar

(De tudo que passou, sobraram cacos?passos ecoados pelo corredorPreciso sentir você voltando...)

É que minha vida anda tão surreal...

Acordar e ver um azul brilhando é quase um convite pra fugir
mesmo que seja pra todo lugar ao qual vou
todo dia
à mesma hora
e sem janelas
pra eu poder me perder
olhando o céu

Todo aquele concreto
deveria me ajudar a pensar
mas só me faz enlouquecer um pouco mais...

maio 05, 2009

ela perguntou como funcionava
olhando pras mão s e pros dedos.
"É só um delírio"
Não soube mais fechá-los
os dedos.
Segurou o pincel com as palmas e aquarelou alguns sonhos
que deixou ao léu para o vento levar.
Não soube mais abri-las,
as mãos
Ajoelhou-se e rezou pelas cores um pôr-de-sol.
Fez-se aurora -
sua aquarela no céu,
das folhas que o vento soprou.
E escorrendo, para a água,
para onde ela, à margem
respirou fundo,
deu um passo e
saltou
E o dia escureceu de estrelas e pirilampos
e não houve lua porque ela estava sob o mar...

março 20, 2009

Olho pela janela e ouço o vento
e um lamento cantado por uma linda voz
Todas as luzes dos apartamentos estão apagadas
São 04h e as pessoas dormem
e perdem do dia
um dos melhores ares para sentir
- as noites são róseo-purpúreas aqui
mas as madrugadas são de breu,
luzes amareladas dos postes
e o cheiro frio da brisa que entra pela fresta
e invade meu quarto inviolável, (alvo,)
catedral.
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janeiro 25, 2009

"É porque nós já estamos velhos e cansados
que a cama parece melhor
do que qualquer programa..."

Mas hoje é sábado
ou domingo
e qualquer sinal de
muitas nuvens
é um bom motivo para não sair debaixo
das cobertas
e ouvir todas as jazz women
quantas forem possíveis
para acompanhar um belo dia nublado
- sinta-se à vontade
para ir embora ou chegar mais perto
("...você precisa me beijar mais...")
E quando for noite
eu posso pertencer a qualquer canto da cidade
mas não me reprima por, certas horas,
preferir meus lençóis
e travesseiros
a qualquer coisa a mais no mundo lá fora...

agosto 16, 2008

Espero o dia amanhecer em cores lentas
É madrugada e eu continuo sentada em frente ao nada,
No escuro
Ainda que numa cadeira desconfortável
Com uma postura desconjuntada
Eu espero porque o sono não me parece mais justo que a aurora
Além de muito menos belo
Isto porque eu tenho tido sonhos ruins ultimamente
Pergunto-me se é um aviso ou paranóia
Ou o aviso da paranóia
e resolvo esperar
É isso que faço agora.
Queria não ter luz elétrica, computador
Escrever a lápis, à luz de velas
Não me sentir cansada quando acordar
Ou quando antes de dormir
amanhecer
aparecer na cozinha para tomar um café
e encontrar o silêncio sentado num banquinho, pra me acompanhar

É a primeira vez em quase três anos que amanheço a sós
Gostaria de pegar o carro e ir até a beira do rio ver o sol desafogar
Voltar pra casa com os pães quentes
E sair de novo como nova em folha,
Como sem noite em claro.
Adoro madrugadas, mas não consigo acordar tarde
Dói pensar que perdi uma manhã bonita
O melhor é acordar, ver que não há nada a se fazer e dormir novamente
Mas todos passarão e dirão o que você não quer ouvir
Enquanto tenta dormir algum sono bom

Checo a janela esporadicamente
Não quero perder o sol por causa de um lapso de inspiração.
Na verdade eu perderia qualquer coisa por um lapso de inspiração
O fato é que nunca mais os tive
Então continua quieto
Sem perder os sóis por desatenção
Nem eclipses

janeiro 13, 2008

Esses galos bobos que
cantam na
madrugada
são piores que despertadores
desregulados:
a natureza, falha.
São 3 da manhã
(lembro de Simon e Garfunkel no metrô
numa capa amarela
) e vejo você dormir
É engraçado como nosso sonho é
desregulado, feito o despertador
lá embaixo
que confunde com o sol
essa puta lua cheia
Tenho vontade de te acordar
mas há o trabalho, eu durmo até tarde
e se acordasses agora, duvido que seria
apenas mais uma rodada
- até eu me desfazer
E quem então ouviria o galo
serias tu, vendo o dia
amanhecer
e, sabe-se lá praguejando
a mim, ou pensando
"céus,
como eu amo essa mulher..."